"Se a política eleitoral e a ação dos mandatários são as principais ferramentas de promoção do bem comum numa sociedade democrática, não dá para dizer que o Cristão que assume verdadeiramente a sua fé pode deixar de lado a política, uma vez que esta também é um importante instrumento de instauração da justiça social. "

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

É possível o encontro entre justiça social e ecologia?

Na mesma semana em que Lula, na abertura da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), fez uma veemente defesa dos biocombustíveis como alternativa aos combustíveis derivados do petróleo e mecanismo de mitigação para os efeitos crescentes do aquecimento global, no Brasil, a Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego suspendeu por tempo indeterminado as ações do Grupo Especial de Fiscalização Móvel responsável pelo combate ao trabalho escravo no país. A suspensão dos trabalhos do Grupo Móvel de fiscalização ao trabalho escravo se deve a ingerências da bancada ruralista. Em julho desse ano foi realizada a maior libertação de trabalhadores em condições análogas à escravidão no país. 1.106 trabalhadores da cana foram resgatados da fazenda Pagrisa (Pará Pastoril e Agrícola S.A.), no município de Ulianópolis (PA). Os trabalhadores dormiam em alojamentos superlotados com esgoto a céu aberto, recebiam comida estragada e água sem condições de consumo, além de salários que chegavam a R$ 10,00 por mês. Em função da caracterização de trabalho escravo, a BR Distribuidora, empresa subsidiária da Petrobras, anunciou a suspensão da compra de álcool combustível (etanol) da empresa Pagrisa, do grupo Pará Pastoril Agrícola S. A.A bancada ruralista desde então iniciou um processo de tentativa de desqualificação do Grupo Móvel que fiscaliza o trabalho escravo.
Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos, e Oded Grajew, presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos (São Paulo, SP), publicaram uma carta na qual comentam que “a decisão do Ministério do Trabalho de interromper as ações de fiscalização e repressão ao trabalho escravo por falta de condições de trabalho e segurança dos agentes do Estado abre um gravíssimo precedente na defesa dos direitos humanos no Brasil”. Segundo eles, “a pressão política exercida por um grupo de senadores coloca o Brasil em posição vergonhosa perante os compromissos assumidos com a comunidade internacional enquanto país signatário das convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT)”.

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